Já ouviste falar em conforto acústico e no que interfere?

A conceção de uma habitação ou edifício deve abranger todas as dimensões do que é a representação de todas as necessidades a eles inerentes, sem ignorar por exemplo, a acústica. Ao falar sobre o conforto acústico, é relevante mencionar o ruído, este que é entendido comummente como poluição sonora. Neste campo devemos começar por distinguir alguns conceitos. Comecemos pela diferença entre isolamento e condicionamento acústico que compõem os aspetos físicos do conforto térmico.

O isolamento acústico refere-se à transmissão, ou seja, ao ruído aéreo e de percussão provocado a partir do exterior. Já o condicionamento, refere-se à reverberação – aqui relacionado com a forma de propagação do som, como o som se propaga no espaço. Os aspetos fisiológicos do conforto acústico têm por base fatores físicos, e estes são destacados em alguns estudos como por exemplo, que o risco de enfarte do miocárdio é 20% superior em pessoas que vivem em ruas movimentadas face às que vivem em ruas sossegadas, e que a taxa de obesidade é mais elevada quanto mais perto as casas estão dos aeroportos, segundo o estudo Burden of disease from environmental noise, WHO, realizado em Conhenhaga, Dinamarca.

No seguimento desta temática devemos fazer menção a um dos materiais com maior relevância, como é o caso da lã mineral. Este material tem a capacidade de captar as ondas sonoras quando entram em contacto com ela, isto porque tem um elevado grau de absorção acústica comparativamente a qualquer outro material. No lugar onde é aplicada, a lã mineral proporciona menores índices de reverberação e transmissão de ruído. Ou seja, as superfícies refletoras podem diminuir a qualidade do som num ambiente, enquanto os materiais captativos permitem o condicionamento acústico do ambiente, fazendo diminuir o tempo de reverberação. Por exemplo, se uma sala de aula tiver um tempo de reverberação superior a 0,5 segundos, numa segunda fila o professor dificilmente se perceberá – em espaços volumosos com superfícies refletoras, o tempo de reverberação é elevado.

• De que forma se pode isolar o ruído aéreo?

A diminuição de ruído pode acontecer de diferentes formas, ou através da escolha e utilização de diferentes materiais, como é caso de materiais mais pesados, como a alvenaria, ou por outro lado pensar na redução de ruído com materiais menos pesados, relacionados como um elemento “mola” – isto é, o chamado efeito “massa-mola-massa”. Traduzindo, isto significa que a construção é constituída por uma parede (massa), depois a utilização de um material que possa “enfraquecer” e captar o ruído (mola), e outra parede (massa), que impeça o ruído de se propagar. Este efeito “massa-mola-massa”, tendo como referência a lã mineral, permitirá que o ruído enfraqueça e a sua reflexão e transmissão seja reduzida.

Ainda sobre o isolamento de ruído, este, pode existir através transmissão direta e indireta. O conforto acústico pode advir do diagnóstico de construção influenciando-o, como por exemplo, o tipo e peso das divisórias internas e entre residências, a qualidade das esquadrias e da marcenaria existentes (portas e janelas), as pontes acústicas e as patologias da edificação, são fatores que podem comprometer a transmissão direta e indireta do ruído e consequentemente poderá comprometer o conforto acústico de um todo.

Para que a harmonia de um espaço habitacional resulte, devem privilegiar-se todas as variáveis na construção para que o conforto acústico permita bem-estar.